Dirigir em Cuba – Havana, Varadero, Viñales, estradas e interior
É possível alugar um carro em Cuba para aproveitar melhor os dias no país. De qualquer forma, essa não é forma mais barata de conhecer o país.
Dirigir em Cuba requer atenção e um orçamento extra na sua viagem. O preço da locação e da gasolina são bem relevantes (como mostrei no custos das viagem – foram ~R$ 5,500 entre aluguel e gasolina para 16 dias) e passear pelas ruas da cidade e estradas requer muita atenção.
Abaixo tem uma lista de recomendações e dicas “genéricas” e depois a minha experiência em cada um dos trechos da minha viagem de 16 dias em Cuba.
- Sempre viaje a luz do dia. Não há nenhuma iluminação e tem muita gente e animais na pista. Tem animais cruzando a pista, mesmo em rodovias grandes. Tem também charretes, tratores e o que mais imaginar
- O preço da gasolina é padrão para turista
- A sinalização é muito ruim
- Poucos postos e, em um que parei, não tinha gasolina de turista e o frentista não quis me vender outra (ele só pode te vender se você estiver zerado).
- Sempre encha o tanque antes de sair de uma cidade à outra.
- A placa do seu carro alugado terá a letra T, indicando que você é turista. Cuba não é perigoso de maneira geral, mas tentarem te passar informações enviesadas é comum.
- Outra coisa que parece comum é o assalto a pneus / rodas do carro.
- As placas de proibido estacionar são azuis com a faixa vermelha
- Nas estradas, as pessoas pedem carona mostrando dinheiro se oferecendo para rachar a viagem.
- Pouquíssimos pedágios. Peguei apenas 2. Custou 2 CUC cada um.
- A roteirização do GPS não funciona lá, é bloqueado. Então baixe o mapa no Google Maps antes de ir para Cuba, para se orientar ao caminhar ou dirigir pelas ruas.
Dirgir em Havana
De maneira geral, se seguisse a lógica, dirigir em Havana deveria ser fácil: os quarteirões são quadrados, a costa ajuda a orientar etc. Acontece que Cuba não segue exatamente a mesma lógica que a nossa.
Vamos às dicas:
- Cuidado em todos os cruzamentos, nunca ache que você tem a preferência. Vale a lei do mais forte. Pedestre sempre vai parar para você. Sempre pare para um caminhão.
- Estacionar é relativamente fácil e normalmente não precisa pagar. A não ser que tenha um cuidador. No centro histórico, só dá para estacionar nos arredores.
- As ruas menores, normalmente só tem um sentido
- Muitos cruzamentos não tem placas indicando o nome
Dirigir em Cuba – Viagem de Havana a Viñales
A viagem de maneira geral foi bem tranquila. Até Piñar del Rio, a estrada é larga (2 ou 3 faixas) e relativamente boa em relação ao alfalto. Depois, vira uma estrada de um faixa só e o último trecho é sinuoso, mas tranquilo.
Principalmente próximo aos vilarejos, espere muita carroça, muita bicicleta e muita gente andando pela rodovia. Além de uma condição de asfalto pior.
Na parte mais larga, andando da 110 km/h. Nas partes de uma faixa, 60-80km/h.
Dirigir em Cuba – Viñales a Cienfuegos
Buscando ver o interior de Cuba, peguei o caminho mais longo que o Google Maps mostrou (diz que era 17 min mais demorado que o que iria por Havana). Valeu a pena para ver os vilarejos, mas talvez tenha perdido mais que 17 minutos… Talvez 1 hora, na verdade.
Até próximo a Havana a estrada é larga e bem asfaltada. Quando peguei o caminho mais longo, virou uma estrada de uma só faixa, mas em ótimo estado. Consegui ir a 70 – 90km/h.
No trecho final desta rodovia mais longa, a estrada fica beeeem ruim. Em alguns lugares tendo que ir a 20k/h. Era uma estrada de asfalto muito deteriorada, o que é muito pior que uma estrada de terra, pois os buracos podem furar pneus ou arrebentar suspensões.
Alguns trechos com bastaaaante gente e carroças, principalmente quando pasaa nos vilarejos… Nas áreas urbanas a velocidade é 40km/h, pela movimentação e também pela qualidade do asfalto.
Depois, de volta a grande rodovia, indo a 110km/h. No trecho final (local, de uma só faixa), tudo muito bom, indo a 70-90km/h também.
De Cienfuegos a Trinidad
Este trecho foi muito muito tranquilo. A maior parte da estrada está em excelentes condições e dá para ir tranquilamente na velocidade máxima da via.
Pista única novamente e com algumas charretes e bicicletas.
De Trinidad a Camaguey
Este trecho também foi bem tranquilo. A estrada é sempre em pista única e está um pouco deteriorada, mas nada de grandes buracos nem nada. Os problemas deste trecho para mim foram 2:
- Bastante caminhão, por ser a rota que liga o país de leste a oeste. É a mesma que peguei no trecho de Havana a Piñar del Rio, porém ela é larga apenas até o meio do país.
- Bastante charretes. A soma de pista única, mais caminhão, mais charrete me fez ficar 10 minutos andando a menos de 30 km/h.
No geral, é possível andar no máximo da via, 90km/h (ou até mais), exceto nos trechos urbanos e quando surgem caminhões e charretes!
De Camaguey a Cayo Coco
O caminho seguiu o padrão de pista única, deteriorada mas sem grandes buracos, com algumas carroças, bicicletas e cidadezinhas no caminho. A parte mais importante foi realmente a falta de sinalização. Para me guiar, sempre busquei a rota no Google Maps e fui acompanhando no mapa (já que como GPS não funciona em Cuba).
A rota indicada pelo Maps mostrava uma estrada de terra e não tinha sinalização. Como vi que tinha uma outra rua na frente e não tinha pego nenhuma estrada de terra, segui adiante. Como imaginei, era asfaltada, mas ainda sem sinalização…
Para fazer desta história algo mais curto, por falta de sinalização e esquisitises na rota do Google Maps, errei o caminho duas vezes e atrasei mais de 1 hora a rota planejada.
A principal dica é procurar por placas de JARDINES DEL REY e não por Cayo Coco. Das poucas placas que tinha, quase nenhuma citava Cayo Coco, e sim Jardines del Rey, que fica em Cayo Coco.
A sinalização é realmente péssima, controle pelo Google Maps o tempo todo.
A parte mais legal é cruzar o mar do Cabibe até o Cayo. Quilômetros em pista única com mar por todos os lados. Paisagem única e incrível! 🙂
Dentro do Cayo Coco até Cayo Guillermo e Playa Pilar
No geral as estradas dentro do cayo seguem o mesmo padrão de qualidade do resto de Cuba. Talvez um pouco melhor, com duas diferenças importantes. São beeeem mais vazias (poucos carros e nenhuma charrete, mas ainda alguns animais) e melhor sinalizadas – isso não quer dizer que seja bem sinalizado.
De Cayo Coco a Santa Clara
Do cayo até a primeira cidade na ilha de Cuba, Morón, a estrada vai bem tranquila (e é só o caminho contrário da rota que fiz para chegar ali). A partir de Morón, peguei a estrada que ia a oeste e passava por Remédios.
O padrão volta a ser o que venho repetindo, mas um pouco melhor sinalizado que média – mas ainda insuficiente.
De Santa Clara a Varadero
Desde Santa Clara já se pega a Carretera Central e segui nela até Cadenas. Como sempre, um pouco deteriorada, muitas pequenas cidades, algumas charretes e é isso.
Depois, as placas para Varadero começam a aparecer e quando você chega à península o cenário vai mudando. Reduz-se a quantidade dos cubanos, a rodovia fica pista dupla e por fim começam a aparecer os resorts. Bem por ali, tudo bem sinalizado… muito fácil achar qualquer Resort.
De Varadero a Havana
Certamente dos melhores trechos para dirigir em Cuba. Estrada em pista dupla, com bom asfalto e com poucas surpresas (tipo charretes) na estrada.
Como sempre, sinalização muito ruim. Para piorar um pouco, próximo a Havana e estavam construindo uma passarela e simplesmente fecharam a estrada sem indicar o caminho alternativo. Fui seguindo uns taxis e carros locais até que consegui me localizar e guiar sozinho pelo Google Maps. Ufa… hehe
Sendo parado pela polícia na estrada = /
Passei por duas situações em que fui parado na estrada. Em uma delas, é uma parada obrigatória de quem vai para Cayo Coco. Registram seu carro, os passaportes dos integrantes e pronto. Muito tranquilo, enquanto rolava o processo, eu convesava sobre futebol com os policiais.
A outra, foi um pouco mais tensa…
Estava dirigindo pela estrada (carretera nacional) e vi um policial acenando no acostamento. Parei.
Procedimento padrão: documento do carro, documento dos passageiros. Perguntou de onde éramos, para onde estávamos indo, quanto tempo ficaríamos.
Quando achei que tudo já tinha acabo ele peguntou:
– Em que trabalha no Brasil?
– Eu sou gerente de produtos de uma empresa no Brasil. – respondi.
– Eu sou gerente de projetos de tecnologia – respondeu minha esposa.
Ele olhou bem para os dois e disse:
– E eu sou policial em Cuba! – Dando um belo de um sorriso e desejando boa viagem! 🙂